domingo, 21 de dezembro de 2008



Ando à procura de um tema para escrever. Não sai nada. A mente está alienada e não permite pensamento lógico. Dispersa-se.
A música que estou a ouvir provavelmente não ajuda. Ou, talvez, a música que estou a ouvir associada ao meu estado de espírito.
Estou a tentar, de forma consciente, condicioná-lo. (dá-lhe Lykke Li!)
Disperso-me.

Parece que está tudo afunilado num único canal de comunicação completamente entupindo.
Shut down. Seria a solução mais fácil. Mas não me apetece dormir agora.
Apetece-me escrever. Não sei o quê. Nada. Tudo.

Muda a música. Mais agressiva. Mais intensa. Mais hipnótica. Não me faz dispersar. Conduz-me.
O meu corpo serpenteia ao som da batida. Agora sim consigo o condicionamento da mente.
Liberta o espírito! Deixa o espírito fluir pelo corpo e conduzi-lo para longe. Bem longe da realidade, desta realidade. Até encontrar o sítio onde tudo faz sentido. E regressar mais serena.

domingo, 30 de novembro de 2008


A Morte caiu sobre mim. Como um relâmpago. Apanhou-me totalmente de surpresa. Tal como ela gosta.
Chegou, tirou e fugiu.
Como se não bastasse, voltou. Tirou de novo, fugiu. Com um sorriso vencedor. “Por esta não esperavas tu!”
Não esperava?
Esperava sim! Tanto esperava que a senti chegar. “Por esta não esperavas tu!”
Trouxe dor. Mais dor. Muita dor. Desespero. Raiva.
O poço era fundo, sombrio, insípido, insonoro. Os gritos não se faziam ouvir.
Senti finalmente o que é descer o abismo.
Descer é fácil.
Subir, nem por isso.
Subir consegue ser mais doloroso que a descida. Chegar à evidência que a morte afinal não existe.
Mais uma desilusão causada pela ilusão.
E agora?
Agora faço o processo inverso (iluminada).

sábado, 22 de novembro de 2008



Perfeição… Perfeito, perfeita…. Palavras que ecoam na minha mente. Um mandamento espiritual que não posso esquecer.
Uma guerra entre o mundo imperfeito e o espírito perfeito.
Será que já é tudo perfeito?
A corrupção da minha mente debilita a minha visão do que é perfeito.
O mundo já É perfeito!! Consigo vê-lo quando liberto a mente e ela corre desvairada, tal um cão preso a uma corrente.
Corre e eu liberto-me. Alívio!
Agora sim, consigo ver a perfeição do mundo e não o mundo perfeito! Sorriu em evidência.
Mas a corrente chegou ao fim. Apanha a mente desprevenida e fá-la voltar ao seu lugar.
Eu grito. Eu choro. Eu imploro e a mente responde: “Mas és tu que me tens prisioneira!”
Vejo que a minha mente é, afinal, tão minha prisioneira como eu dela. Entro em estado de choque.
Como é possível?? Eu não a quero prender. Não a quero, ponto!
De corpo imobilizado e de olhos fixos na mente recordo-me que a mente mente.
Ela está a brincar comigo. Ah sim! A brincar… consigo ouvi-la a rir-se.
Caí na ratoeira, mais uma vez.
O mundo é, na realidade, perfeito. A mente tenta iludir-me do contrário.
Morte à mente!

sábado, 15 de novembro de 2008



Parada, à beira do abismo. A mão banhada em sangue ainda quente. Escorre, entre os dedos delicados de uma pela rosa e macia.
A faca no chão, atirada com indiferença e desprezo iníquo, brilha sob o efeito da lua prateada, cúmplice no crime.
E ela sorri. Um sorriso diabolicamente perverso. Um sorriso antecedido de um orgasmo maquiavélico induzido por um acto bárbaro e primitivo.
Leva a mão à boca, abre-a delicadamente sem desviar o olhar do presente que acabou de conquistar. O dedo aproxima-se dos lábios, lentamente. Ela semi-cerra os olhos e inala a réstia de odor orgânico.
Os seus seios nus são presenteados pelo banquete vampírico. O coração bate mais forte, a respiração aumenta o ritmo simulando uma batida muda.
O dedo chega finalmente à boca e a língua recebe o líquido extraído de um corpo sem importância, de mais uma presa nas garras de uma donzela delicadamente desenhada pela mão do mal. Tão tentadora, tão graciosa… hipnotizante.
A língua satisfaz-se. Abusa do banquete furtado abruptamente pela faca caída e inerte no solo.
É a sua recompensa.
O sangue desce, mistura-se com o seu causando uma euforia sórdida. E ela recorda-se. Ahh sim!! Recorda-se de cada pormenor! Cada facada penetrada no corpo surpreso de um jovem que conheceu nessa noite. Inocente e faminto de luxúria, embriagado pelo olhar da donzela maquiavélica.
Ainda consegue ouvir o rasgar da pele pela lâmina aguçada. Os olhos aterrorizados do jovem seduzido.
Que satisfação!
O seu corpo seminu dança ao sabor do vento. As suas mãos elevam-se e acompanham a sequência regular do corpo.
Ela sorri! O sangue escorre-lhe pelo canto do lábio… sente-o descer lentamente pelo pescoço.
Está em transe.


Duas faces da lua…. Criado há semanas… nenhum post!
Roll it… get inspiration…
Inspiro e procuro as palavras, sinónimos, antónimos, metáforas, verbos, adjectivos… muitos.
Dizem que se consegue escrever melhor sobre a influência da tristeza, da mágoa, da dor. Que a expressão do sentimento é mais profunda… que quem lê, sente na alma o sentimento do escritor. Estará a minha alma ferida?
“’cause I threw you the obvious” …. “ you don’t see me” palavras que rodam tontas na minha cabeça dançando ao ritmo da batida imaginária. Têm objectivo? Talvez.
As ideias fluem. Por vezes mais do que é desejado. Deslizando como uma corrente até ao oceano. Mas não escoam… pelo menos quando deveriam. E quando o fazem, através de um gesto meio forçado, estão condicionadas por um corpo desajeitado, anfitrião de um espírito cativo contra a sua vontade.
Mas são só palavras (afirmação interrogativa).
Palavras ou sentimentos? Palavras sentidas ou sentimentos traduzidos em sons e expressões pré programadas?
Não! O pensamento é livre. O sentimento é genuíno. A mente corrói e destrói…
Fecho os olhos e sinto as vibrações da música. Esqueço. Medito. Fluo.
Fluo para um mundo imaginariamente real. Agarro na mão do desconhecido e deixo-me conduzir à velocidade da luz até chegar ao centro do universo. E sinto-o. O universo atravessa-me o corpo, penetra-me delicadamente a alma.
Sim! É isso! Tudo faz sentido, tudo está onde deveria estar. Sinto amor, sinto desejo, sinto uma alegria histérica que explode num êxtase orgásmico.
E a realidade volta num abrir de olhos. Focam-se no rectângulo luminoso e esboçam conjuntos de letras.
A realidade é dura. A realidade é crua.
A realidade não existe. Faz parte da mente. A mente faz parte do corpo. O corpo condiciona a mente. A mente cria a realidade.
A realidade não existe.
Nem a mente, nem o corpo.
Eu não existo. Eu SOU.