sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Saudades

Tenho saudades tuas. Muitas. Tantas! Preciso de ti aqui mas tu não estás.
Preciso de sentir aquele teu abraço que me envolve e me protege.
A tua voz a dizer “vai correr tudo bem”.
O teu sorriso e o teu olhar a brilharem quando olham para mim. Preciso de ti aqui!
Preciso de ti aqui antes que tudo isto acabe. Só para poder olhar para trás e ter na memória este último momento. Tu e eu, a encerrar um capítulo que não foi nosso.

Já foste!

Estou aqui há dia e meio e não te sinto cá. Felizmente. Vejo-me a mim agora.
O passado passa pelos meus olhos à velocidade da luz. Passa. Não entra. Já não estás cá.
Vejo a casa onde tu e eu vivemos e não nos vejo a nós. Simplesmente porque já não existe um “nós”.
Só vejo uma casa cheia de coisas que me suplicam para sair daqui!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Obrigado

Contigo aprendi a essência do mal inconsciente. O que supostamente devia ser bom, construtivo, positivo resultou em qualquer coisa muito diferente.
Olho para ti e ainda dói. Chego à conclusão que não quero estar perto de ti. Não há possibilidade de amizade sequer. Ainda sofro as mazelas que deixaste atrás de ti.
Sim, ainda me preocupo contigo. Menos. Muito menos. Mas preocupo-me. Só que, a junção da preocupação com a angústia residual que persiste fazem uma mistura explosiva.
Não me quero sentir assim. Não quero saber de ti.
Não quero ser a tua compincha que partilha as tuas desventuras nas terras do além. Não seria uma parceria verdadeira porque simplesmente estou-me a borrifar para o que se passa à tua volta.
A mim, interessa-me o que se passa no teu interior. E das duas uma, ou não se passa nada ou não queres partilhar. E se não queres partilhar, eu também não.
A tua preocupação não é sentida como genuína. Os teus agradecimentos não me tocam.

As palavras não significam nada sem acções. São só palavras

O luto de mim

O luto já passou. O luto de ti. Mas a sensação permanece. Perguntei-me imensas vezes porquê.
Seria o medo de perder? Já perdi.
Seria o medo de estar sozinha? Eu não estou sozinha.
Seria o medo de não conseguir criar uma ligação forte com alguém e consequentemente sentir aquela sintonia genuína? Eu sei amar, logo sei criar tudo o que isso envolve.
Conclui então que o luto permanece mas não é de ti. É de mim.
E choro com a mesma intensidade. Perdi.
Perdi partes de mim que sinto falta porque de elas me tornei dependente. Estou a fazer o luto do “eu” que já não quer existir.
E como qualquer luto, passa. Evolui para qualquer coisa melhor.

Partir

Quero partir. Não interessa onde. Acho que o destino não é importante. Interessa o percurso. Reina aquela necessidade de me sentir em movimento.
Estou parada. Sinto-me parada e quero mexer-me.

Eu

Emoções à flor da pele. Faz duvidar, faz questionar se vale a pena o não. Faz-me questionar a mim. Sobre mim.
O que quero, como o quero. Se o quero. O que faço aqui. O que faço aqui?
Isto não é a minha vida.
Já cortei as correntes. O que me prende agora?

És cobarde não és? Era tudo fachada. Tu não és forte, nunca foste. Finges. Finges bem.

Não!
É tudo mentira! O ser forte, o não ser forte. É tudo mentira. Não interessa ser forte se essa força cresce de um sítio que não interessa conhecer.
Não quero ser forte!
Quero ser forte e frágil, ao mesmo tempo. Quero juntar os dois pólos, e sentir o equilíbrio que me vai conseguir manter sempre à superfície. Quero o equilíbrio.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Gosto de ti II

Apercebo-me que começo a gostar mais de mim do que de ti.
Mas sei que devia gostar dos dois da mesma maneira.
Eu gosto de ti porque preciso de ti. Devia gostar de ti só por gostar.

Grito

Quero o meu espaço. Quero sentir-me no meu refúgio e não à deriva.
Quero deitar-me numa cama que é minha. Só minha!
Quero fugir para o meu canto, sempre que precisar.
Não quero falar mais sobre isso.

Sem título

Amar é uma tortura. Devia ser o oposto. Nunca pensei que o medo vivesse portas juntas ao Amar.
Não me conformo. Isso não é amar. Não é de certeza!
Decidi agarrar no Amar e levá-lo para outra vizinhança. Andamos à deriva, os dois. Ora de mãos dadas, ora de costas voltadas. Andamos à procura de uma nova vizinhança.
Tarefa difícil essa de encontrar um novo lar onde nos podemos sentir em segurança e onde todos aqueles vizinhos indesejados não podem entrar.

Porque no amor, nunca é demais amar

Amor, não sei onde pairas. Andas escondido.
Quero sentir-te em toda a tua plenitude e não aos bocadinhos.
Agora que sei o que tu és, como te sinto, como te quero... não te encontro.
O universo só me quer confundir. A lição ainda não acabou. Tenho muito que aprender.
Quero sentir-te, Amor.

sábado, 18 de junho de 2011

A lapa

Cola-se de novo. Como já o tinha feito anteriormente a outras. Precisa de se segurar a alguma coisa para não cair. Encontra uma rocha, dura, segura e bem presa e colas-se. E fica lá, colada. Não larga. Tira o que pode, muitas vezes o que quer. Leva ao cansaço ou à exaustão até, porque precisas de se segurar. Não pode cair. A queda dói muito, pensa a lapa! Alimenta-se da rocha e ela perde a sua força. Lentamente, sem se aperceber.

Até chegar o dia em que não tem mais nada para se alimentar. Até chegar o dia em que a rocha se apercebe que afinal já não quer mais a lapa colada a ela. Mas está muito presa. A libertação não é fácil.

Cada tentativa que faz, raspa um pouco da rocha. A rocha sofre. Perde força. Não se consegue segurar mais porque as correntes são muito fortes, muito intensas e seguidas. Uma atrás da outra, quase sem intervalo. A água fica turva. Não se percebe muito bem o que se está a passar. Só aqueles que estão perto da rocha sentem as vibrações que ele emite cada vez que toca no chão, de novo.

Tenta libertar-se, com tudo o que tem, da dependência que criou pela lapa. Acaricia-lhe a pele para que se consiga soltar suavemente. Expulsa-a ferozmente. Finge que a lapa não existe… E no meio de cada tentativa, diferente da anterior, tenta explicar à Lapa que estar presa a uma rocha não a leva longe, que assim, não consegue ver por ela própria o que existe para além da rocha, que nunca irá ser uma lapa porque está sempre colada a uma rocha e que a concha não a vai proteger por muito tempo.

A lapa não ouve. Não quer ouvir. Estar bem segura à rocha é o que faz sentido. Tudo o resto é desconhecido e isso assusta.

Mais uns rasgões. Mais tortura. Dói! Muito. Mas o cansaço ganha. O cansaço de sentir esta dor. A rocha decide segurar-se de novo ao chão firme. O que a lapa quer já não é importante.

E faz-se luz! A rocha apercebe-se que afinal ela foi sempre a rocha. Forte, dura, segura e bem presa e a lapa, é só uma lapa. Pequena, escondida numa concha e colada a uma rocha.

domingo, 15 de maio de 2011

O princípio do fim

Silêncio. Um silêncio perturbador. Faz-me confusão.
Um guerra de duas frentes a magoarem-se profundamente. E morrem, ambas as frentes. E resta o silêncio.
Pensamentos. À velocidade da luz. Nasce a necessidade de os ordenar. Cansa o cérebro. Faz suspirar. O corpo pede descanso, frágil por suportar o peso da dor.
Procuro a paz.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Gostar de ti.

Gosto de ti! Não sei de quer forma. Certamente ambígua, não fosse eu que sou! Sei que gosto.Pergunto-me se isso chega. Se chega gostar e pronto.
Fomos sempre habituados a querer mais. Alimentaram-nos de falsos propósitos.
Se gosto de ti, não deveria eu contentar-me só com isso? Não deveria “gostar de ti” ser o suficiente?
Num mundo chamado perfeito talvez. Neste não. Mas eu não me conformo.
Quero gostar de ti. Só. Gostar. Mais nada.


(imagem: Michele Fernandes)

Luta do ser

O coração está rasgado. Dói. A energia que gasto para o manter num só pedaço esgota-se. Lentamente. Sinto-me a ir. A desligar.
Mas não desligo. Mantenho-me. Movida por sei lá o quê. Fico.

Pára! Pára tudo.
Uma coisa de cada vez, por favor! Não peço mais.

“Numbness”. Quero ficar aqui. Sem sentir. Sem ver. Sem pensar. Não quero fugir mas também não quero seguir. Quero ficar aqui, neste estado de “numbness” onde não tenho de tomar decisões, seguir caminhos. Ficar, só.

(Imagem: carla de oliveira)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Amar

Amar, que coisa tão estranha! – diz ela enquanto rebenta bolhas num daqueles plásticos protectores de “coisas sensíveis”, depois de ter feito “mais uma viagem a cuba”.
Ali está ela, sentada na sua cozinha, a contemplar não sabe muito bem o quê. Sente-se menina, hoje. Sente-se pequenina. Já não sabe o que é amar e isso faz-lhe confusão. Perdeu a definição de amar deixando o seu sentimento andar à deriva. O barco não vinha com remos. Só mesmo o barco, num rio, a seguir a força da água.
Bebe mais um pouco do seu leite quente com chocolate e contempla o vazio, ao som de Sigur Rós. “Talvez a melancolia da música me ajude a entrar no mundo dos sentimentos”
Ou talvez seja simplesmente porque o silêncio faz-lhe confusão e a música reconforta-a. Talvez…
Passa uma música. Passa outra. E ela continua simplesmente a “viajar”. Não quer pensar no que é amar. Quer sentir o que é amar!


(imagem:Carla de Oliveira)