sábado, 15 de novembro de 2008



Parada, à beira do abismo. A mão banhada em sangue ainda quente. Escorre, entre os dedos delicados de uma pela rosa e macia.
A faca no chão, atirada com indiferença e desprezo iníquo, brilha sob o efeito da lua prateada, cúmplice no crime.
E ela sorri. Um sorriso diabolicamente perverso. Um sorriso antecedido de um orgasmo maquiavélico induzido por um acto bárbaro e primitivo.
Leva a mão à boca, abre-a delicadamente sem desviar o olhar do presente que acabou de conquistar. O dedo aproxima-se dos lábios, lentamente. Ela semi-cerra os olhos e inala a réstia de odor orgânico.
Os seus seios nus são presenteados pelo banquete vampírico. O coração bate mais forte, a respiração aumenta o ritmo simulando uma batida muda.
O dedo chega finalmente à boca e a língua recebe o líquido extraído de um corpo sem importância, de mais uma presa nas garras de uma donzela delicadamente desenhada pela mão do mal. Tão tentadora, tão graciosa… hipnotizante.
A língua satisfaz-se. Abusa do banquete furtado abruptamente pela faca caída e inerte no solo.
É a sua recompensa.
O sangue desce, mistura-se com o seu causando uma euforia sórdida. E ela recorda-se. Ahh sim!! Recorda-se de cada pormenor! Cada facada penetrada no corpo surpreso de um jovem que conheceu nessa noite. Inocente e faminto de luxúria, embriagado pelo olhar da donzela maquiavélica.
Ainda consegue ouvir o rasgar da pele pela lâmina aguçada. Os olhos aterrorizados do jovem seduzido.
Que satisfação!
O seu corpo seminu dança ao sabor do vento. As suas mãos elevam-se e acompanham a sequência regular do corpo.
Ela sorri! O sangue escorre-lhe pelo canto do lábio… sente-o descer lentamente pelo pescoço.
Está em transe.

2 comentários:

anna disse...
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Lisa disse...
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